terça-feira, novembro 24, 2009

Docentes na RAM eternamente congelados


O último número do semanário Tribuna da Madeira - http://pt.calameo.com/read/000027899355402abe45b -, nas páginas 24 e 25, revela que, finalmente, foi encontrada uma solução para a progressão na carreira dos docentes que exercem funções na RAM: ficam eternamente congelados! É exactamente assim, não há aqui qualquer carga negativa nesta expressão, antes pelo contrário. O congelamento do corpo é uma técnica usada pelo transhumanismo para prolongar a vida até ao infinito, para "enganar a morte". Trata-se da criopreservação ou "cryonics". Para mais informações sobre esta inteligente e cara forma de "fintar" o envelhecimento, consultar http://transhumanista.no.sapo.pt/vida.htm.

No projecto governamental, segundo as palavras do deputado socialista desmancha-prazeres, André Escórcio, na referida reportagem, o congelamento está dependente da disponibilidade de tesouraria do Governo Regional, o que o leva a considerar esta proposta como «pouco séria». Compreende-se a preocupação do referido parlamentar, não tanto por uma questão de coerência com a defesa que sempre fez da matriz do "ECD do ME", daí o rótulo de colonialista que a bancada da maioria lhe aplicou, mas, sobretudo, porque pode ser uma medida discriminatória, já que não garante o acesso, em igualdade de tratamento, ao congelamento a todos os professores e educadores. Para além disso, esta solução não se compagina com a recuperação da contagem do tempo de serviço "congelado", que foi uma das suas bandeiras na ALRAM, já que isso, em vez de evitar o envelhecimento, teria um efeito contrário, ou seja, aproximá-lo-ia.

Numa lógica de previsível grande procura por parte dos docentes pela modalidade mais cara de congelamento (todo o corpo), a existência de um procedimento administrativo, entre o 5.º e o 6.º escalão, é uma medida feliz, pois os professores e educadores não são todos iguais: os bons merecem o congelamento total do corpo para servirem de exemplo às gerações vindouras e os maus apenas da cabeça, para se libertarem dos "atrapalhos" físicos que os impediram de ter sucesso...

Perante tanta generosidade governamental, os sindicatos aplaudem a solução encontrada, segundo o que se pode concluir das declarações proferidas pelos seus principais representantes, na reportagem mencionada, havendo apenas lamentos quanto à demora na sua aplicação. Previsivelmente, o SDP-1 e o SDP-2 não terão mãos a medir, nos próximos tempos, dada a previsível afluência de docentes para se sindicalizarem...

terça-feira, novembro 17, 2009

Adaptação do Sermão Anti-Corrupção


O Pe. António Vieira, no Sermão de Santo António aos Peixes, pregado na cidade de S. Luís do Maranhão, em 1654, abordou a questão da corrupção, um tema sempre actual como o comprovam, entre outros, os casos polémicos Freeport e Face Oculta, só para referir os mais recentes. Fazendo ligeiras adaptações ao primeiro parágrafo, que podem ser confrontadas com o documento original (dentro de parêntesis), obtemos o seguinte texto:


Vos estis sal terrae (Mateus, 5)


Vós, diz o Código Penal (Cristo Senhor) nosso, referindo-se aos juízes (falando com os Pregadores), sois o sal da terra: e chama-lhe sal da terra, porque quer que façam na terra, o que faz o sal. O efeito do sal é impedir a corrupção, mas quando a terra se vê tão corrupta como está a nossa, havendo tantos nela que têm ofício de sal, qual será, ou qual pode ser a causa desta corrupção? Ou é porque o sal não salga, ou porque a terra se não deixa salgar. Ou é porque o sal não salga, e os Juízes (Pregadores) não fazem cumprir a lei (pregam a verdadeira doutrina); ou porque a terra não se deixa salgar, e os criminosos (ouvintes), sendo verdadeira a sentença (doutrina) que lhe dão, a não querem receber. Ou é porque o sal não salga, e os Juízes (Pregadores) dizem uma coisa e fazem outra; ou porque a terra se não deixa salgar, e os criminosos (ouvintes) querem antes imitar o que eles fazem, que fazer o que dizem. Ou é porque o sal não salga, e os Juízes (Pregadores) julgam por si e não pelo Código Penal (pregam a si e não a Cristo); ou porque a terra se não deixa salgar, e os ouvintes, em vez de servir a Justiça (Cristo), servem a seus apetites. Não é tudo isto verdade? Ainda mal.


Aqui está o mote para um bom discurso do Presidente da República, se é que ainda tem autoridade moral e política, depois do triste episódio das alegadas escutas...

sábado, novembro 07, 2009

Aventura ou milagre das rosas no ME



Estamos órfãos. O novo Governo da República não inclui a ministra da Educação mais amada de sempre pela classe docente. Refiro-me à simpática, sempre bem disposta e sedutora Gioconda Ludrinhas. Que ingratidão de José Sócrates por não a reconduzir! Lá que podemos passar bem sem ela, é um facto, mas, como diz o slogan, não é a mesma coisa...


A Educação fica, agora, sob a alçada da escritora infanto-juvenil Isabel, mais conhecida da opinião pública do que a sua antecessora, graças à colecção «Uma Aventura», da qual é co-autora. Na 5 de Outubro, inicia uma nova obra, Uma Aventura no Governo. Será o livro 51 da referida colectânea de ficção. Em tempo de governantes ficcionistas à frente desta pasta, convenhamos que a aventureira referida leva uma vantagem significativa em relação ao Chico Esperto madeirense, que se fez escritor apenas quando assumiu a pasta, pois aprendeu a ficcionar em torno dos problemas educativos, como via alternativa à sua resolução...


A classe docente espera tudo menos aventureirismo da actual equipa ministerial, mas são muitas as alusões a este vocábulo, pois até o Secretário Adjunto da Educação, Alexandre Ventura, possui essa silueta no próprio nome. Coincidências. Não mais do que isso, espera-se. Mas o outro membro da equipa ministerial - o Secretário da Educação - apresenta-se com o apelido Mata, sugestão mais do que óbvia para um excelente espaço para se escrever uma aventura misteriosa. Mas é mesmo de pequena floresta que se trata ou será outro o significado: matar as esperanças da classe docente? Seja qual for o significado, dará seguramente uma ficção magnífica!


Para que esta equipa ministerial, aparentemente fadada para produzir a melhor aventura da referida colecção, consiga surpreender os professores e educadores tem de operar um autêntico milagre na Educação, qual Milagre das Rosas, em que a ministra Isabel, ao tentar ajudar a classe docente, seja surpreendida em flagrante pelo engenhoso Sócrates e o ECD e o modelo de avaliação de desempenho docente se transformem em rosas...