terça-feira, julho 31, 2012

Intervalo


Porque parodiar também cansa;
Porque fazer humor a partir de situações dramáticas como as que estamos a viver é reprovável;
Porque no teatro também há uma pausa entre um ato e outro;
A Paródia Madeirense vai para INTERVALO, prometendo voltar assim que haja disposição para tal...

domingo, maio 20, 2012

Ainda o «Caso Campo de Ténis de Santana»


A sentença do polémico «Caso Campo de Ténis de Santana», que condenou Carlos Pereira (ex-presidente da CMS) e José Almada (ex-vereador da CMS) a três anos e meio de pena suspensa e ao pagamento de 20.000 e 10.000 euros, respetivamente, deixou-me sem saber se devo rir ou ficar com uma carranca de preocupado.
Quando tive conhecimento da sentença, a minha primeira reação foi de estrondoso grito de vitória como se tivesse marcado um golaço nas redes da arrogância, prepotência e compadrio dos ditadores que se julgam donos desta terra.
De seguida, desci à terra e comecei a pensar na enorme tolerância do sr. juiz Filipe Câmara, já que a moldura penal previa para este crime de prevaricação uma pena de 2 a 8 anos e nem metade dela foi aplicada, apesar da verba a atribuir às instituições de caridade pelos condenados. 
Apesar disso, de imediato lembrei-me que os referidos ex-autarcas do PSD-Madeira estão também a ser julgados de doze crimes no «Caso Rocha de Baixo», que, na eventualidade de serem condenados novamente, dificilmente evitarão a prisão efetiva.
Como autor da denúncia que desencadeou a investigação deste caso, por ser na altura vereador do PS-M na referida edilidade, senti um misto de satisfação e de revolta. A primeira por ter visto reconhecida a razão das minhas suspeitas e a segunda pela demora no apuramento da verdade - cerca de dez anos!
Quanto ao facto do tribunal se sentir incompetente para julgar a decisão política do Governo Regional construir este campo de ténis no terreno de um particular, que ficará com a posse do mesmo passados vinte anos, só me resta apelar aos eleitores santanenses para que façam esse julgamento nas urnas, já nas próximas eleições autárquicas, castigando quem usa o dinheiro de todos nós para encher a barriga dos compadres.
A parte mais hilariante desta sentença foi a reação do Vigia dos Angustiados ao fazer mais uma das suas habituais cambalhotas, já que, depois de ter afirmado, noutras ocasiões, que a justiça na Madeira era exemplar, desta feita elogiou o trabalho dos juízes dos tribunais superiores, do Continente, certamente a tentar colocar pressão no responsável por esta sentença, que também tem entre mãos o processo do «Caso Rocha de Baixo». Sintomático! 
Resta-me fazer duas provocações: por que razão a comunicação social omitiu o mérito de quem teve a coragem de fazer a denúncia deste caso? Por que razão outros políticos das oposições não desencadeiam investigações como esta, apresentando denúncias? Não será certamente por falta de matérias geradoras de suspeitas...

terça-feira, abril 24, 2012

Concentrados na propaganda eleitoral


O que se passou na denominada «Concentração pelo emprego docente», no dia 21 de Abril, na placa central da Av. Arriaga, uma iniciativa promovida pelo SPM, demonstra que o ainda meu sindicato está tão concentradíssimo na propaganda eleitoral a favor da lista A, a da continuidade, que nem consegue se aperceber do triste espetáculo que está a dar. Até faz lembrar aquele condutor que conduz tão concentrado no trânsito para evitar choques, mas esquece-se de abastecer o veículo e de o levar à oficina e à inspeção...
A concentração dos dirigentes atuais do SPM na propaganda eleitoral interna teve o primeiro episódio no início da semana, quando, travestidos de candidatos aos órgãos internos, chamaram a comunicação social para uma iniciativa de campanha da sua lista junto ao Instituto de Emprego para, por mera coincidência das estrelas, abordar o tema do emprego docente, que eles próprios tinham escolhido para o evento do sábado seguinte. Na verdade, nada os impedia de promover essa ação, que é tão legítima como outra qualquer. O problema é que os tais travestis não foram capazes de retirar as máscaras de candidatos e levar a efeito uma conferência de imprensa oficial, com a presença da Coordenadora do SPM, Marília Azevedo, como é habitual, para promover e mobilizar a classe docente à participação no evento de sábado. Por que será que se esqueceram desta parte importante da mobilização das massas? Terá sido porque acharam que já a tinham feito na 2.ª, embora como candidatos ou a concentração máxima na propaganda fez esquecer este importante aspeto?
O segundo episódio deste folhetim aconteceu no sábado, em que a Coordenadora se tornou no centro de todas as atenções pela sua ausência na concentração. Sendo ela talvez o único membro da Direção que não anda concentrada na propaganda eleitoral, por razões óbvias, teve uma atitude louvável ao demarcar-se - alegou razões familiares, nunca por si utilizadas - desta palhaçada, pondo, contudo, uma vez mais em evidência a falta de coesão, de união da equipa que quer continuar à frente do SPM, mesmo sabendo que não oferece condições reais de estabilidade diretiva como sempre previmos, porque interessa aos poderes ocultos um sindicato fraco e dividido.
O momento culminante desta fantochada eleitoralista ocorreu quando a Lista B denunciou os verdadeiros propósitos desta iniciativa. Afinal, ainda há quem não se deixe levar por manobras baixas daqueles que não têm pudor em utilizar o sindicato em benefício próprio. O Vigia da Quinta que nos Angustia não faria melhor..
A consequência imediata foi o fiasco completo desta ação de luta, a avaliar pelas poucas dezenas de docentes participantes nela, talvez inferior ao número de candidatos efetivos e suplentes da referida lista promotora. É claro que também é discutível a opção tomada relativamente à bandeira desta iniciativa - emprego docente - numa altura em que os docentes sentem na pele problemas mais graves como a avaliação de desempenho, o congelamento das progressões na carreira, os retroativos por pagar a quem
subiu de escalão e a falta de recursos financeiros nas escolas, entre outros. Mas os iluminados da Direção do SPM tinham que fazer alguma coisa para limpar a má imagem deixada com a não adesão à greve geral. Só que fizeram uma avaliação precipitada da situação real da classe e da educação na RAM, próprio de quem está comodamente instalado na sua torre de marfim e prefere interpretar vontades em vez de andar pelas escolas a ouvir os docentes em plenários e sessões de esclarecimento.
Acresce que quem fica muito mal visto com esta trapalhada não é apenas os seus promotores mas sobretudo a instituição SPM, que cai ridículo e no descrédito público. Novamente...

quarta-feira, março 21, 2012

Fazer greve à greve






O ainda meu sindicato decidiu fazer greve à greve de 22 de Março, uma decisão muito democrática e justificada com argumentos verdadeiramente hilariantes.


Recebi no meu email, uma mensagem do SPM que tinha como assunto «Esmagadora maioria dos associados do SPM transmitiu indisponibilidade para adesão à Greve Geral». É um título talvez maior do que o nariz do Pinóquio e muito esclarecedor quanto ao modo como a sua Direção brinca com assuntos sérios, como pude verificar ao ler a totalidade do texto. Nele confirmei que a decisão tomada não resultou apenas da votação dos associados presentes na Assembleia Geral, cujo número foi propositadamente omitido, mas da transmissão(?), por parte da esmagadora maioria de associados, da «sua indisponibilidade para, no momento presente, aderir a um dia de greve». É caso para perguntar se esta “transmissão” corresponde à conhecida telepatia ou a outras forças sobrenaturais do reino da parapsicologia, já que não fui ouvido e como eu a esmagadora maioria dos sócios, nem na Assembleia Geral nem em sessões espíritas sobre esta matéria.
Sabendo de antemão da fraca consistência do argumento telepático, a mensagem acrescenta que «Aos corpos gerentes do SPM cabe saber interpretar e respeitar a vontade expressa pela maioria dos seus associados em diversas ocasiões formais e deliberativas.» e que «A posição do sindicato reflete a posição do coletivo, verbalizada, não apenas na Assembleia Geral de 16 de março mas também nos plenários realizados nos dias 31 de janeiro e 1 de fevereiro últimos.», isto é, aderir ou não a esta forma de luta depende da interpretação que a Direção faz da vontade dos associados e não, exclusivamente, da votação destes em Assembleia Geral, o único órgão que tem competência para o efeito (alínea h, do artigo 21.º dos Estatutos). Agora compreende-se o porquê desta tomada de decisão a menos de uma semana da data da greve geral e sem a habitual convocatória do referido órgão, via email, como aconteceu, por exemplo, na anterior (24/11/11), cuja deliberação foi tomada com um mês de antecedência (27/10). A sabedoria interpretativa de vontades, pelos vistos, dispensa estas formalidades e maçadas, sobretudo, quando a prioridade é reconquistar o poder interno, como se viu com a curiosa coincidência da Assembleia Geral ter decorrido momentos após a apresentação oficial da candidatura de continuidade…
Em suma, a Direção do SPM, com poderes sobrenaturais e sabedoria interpretativa de vontades, não precisa de sócios nem de greves nem de luta sindical. Basta-lhe confiar no instinto “matador” do Vigia dos Angustiados, que ele resolve, como o Liedson, nem que seja com autogolos…

quarta-feira, fevereiro 22, 2012

Julgamento dos Compadres no Funchal






No dia 29, na próxima quarta-feira, inicia-se o julgamento do polémico caso "Campo de Ténis de Santana", no Tribunal de Vara Mista do Funchal, a partir das 14.00 horas, onde os compadres Carlos Pereira (ex-presidente da
Câmara Municipal de Santana), José Abel Alamada (ex-vereador da CMS), José Pedro Martins (proprietário do hotel "O Colmo"), António Candelária
(ex-presidente da União Desportiva de Santana) e Jaime Lucas (ex-presidente do IDRAM) tentarão defender-se da acusação de burla qualificada. Está, assim, garantida a continuidade do Carnaval madeirense, que começou na Festa dos Compadres e que se encerra neste julgamento que promete...

Aguarda-se, de facto, um espetáculo fantástico com os acusados a garantirem, a pés juntos, que agiram de boa fé, que utilizaram os dinheiros públicos com as melhores das intenções, pois pretendiam dotar a União Desportiva de Santana com uma infraestrutura desportiva singular, construída nos terrenos de uma unidade hoteleira, não para a dotar de melhores condições de lazer, mas para proporcionar maior assistência de adeptos, ainda por cima mais familiarizados com esta modalidade desportiva como é o caso dos turistas, aos treinos e jogos...


Interessante será igualmente ouvir as justificações dos autarcas acusados para o facto de não terem prestado as informações solicitadas pelo então vereador João Sousa, sobre a referida obra, na altura quase concluída e sem aprovação camarária. Provavelmente, dirão que se tratava de um segredo de Estado, já que a singularidade referida anteriormente podia ser copiada lá fora, designadamente por países menos corruptos como os do norte da Europa...


Curiosíssima será também a justificação que será apresentada para a aposta do clube local numa modalidade desportiva sem atletas federados nem participação em provas oficiais. Previsivelmente os arguidos afirmarão que, por não terem certezas quanto à adesão dos jovens a este desporto, optaram pela construção do campo de ténis numa infraestrutura turística porque assim, ao menos, garantiriam a sua utilização pelos seus hóspedes... Isto é que é utilizar os recursos financeiros públicos para o conforto e lazer de particulares! Brilhante!


Eu, na qualidade de testemunha do Ministério Público, por ter sido o autor da denúncia que desencadeou esta investigação, lá estarei com todo o prazer a dar o meu contributo para que a promiscuidade entre a política, o desporto e os negócios seja altamente penalizada. Tenho, pois, motivos para aguardar com otimismo a continuidade do carnaval madeirense, neste julgamento dos compadres de Santana, onde a sátira e a boa disposição estão garantidas, sem esquecer a sentença dos mesmos, que deverá ser exemplar, condenando-os à fogueira purificadora, de acordo com a tradição santanense.


quinta-feira, fevereiro 02, 2012

Os Lusíadas de hoje




Enviaram-me uma paródia muito interessante de alguns versos do poema nacional, Os Lusíadas, de Luís Vaz de Camões, em que a nossa realidade está devidamente atualizada. Ei-los:

OS LUSÍADAS

I

As sarnas de barões todos inchados

Eleitos pela plebe lusitana

Que agora se encontram instalados

Fazendo aquilo que lhes dá na gana

Nos seus poleiros bem engalanados,

Mais do que permite a decência humana,

Olvidam-se de quanto proclamaram

Em campanhas com que nos enganaram!


II


E também as jogadas habilidosas

Daqueles tais que foram dilatando

Contas bancárias ignominiosas,

Do Minho ao Algarve tudo devastando,

Guardam para si as coisas valiosas?

Desprezam quem de fome vai chorando!

Gritando levarei, se tiver arte,

Esta falta de vergonha a toda a parte!


III


Falem da crise grega todo o ano!

E das aflições que à Europa deram;

Calem-se aqueles que por engano?

Votaram no refugo que elegeram!

Que a mim mete-me nojo o peito ufano

De crápulas que só enriqueceram

Com a prática de trafulhice tanta

Que andarem à solta só me espanta.

IV


E vós, ninfas do Coura onde eu nado

Por quem sempre senti carinho ardente

Não me deixeis agora abandonado

E concedei engenho à minha mente,

De modo a que possa, convosco ao lado,

Desmascarar de forma eloquente

Aqueles que já têm no seu gene

A besta horrível do poder perene!


Luiz Vais de Tanga ou de Calções