terça-feira, abril 24, 2012

Concentrados na propaganda eleitoral


O que se passou na denominada «Concentração pelo emprego docente», no dia 21 de Abril, na placa central da Av. Arriaga, uma iniciativa promovida pelo SPM, demonstra que o ainda meu sindicato está tão concentradíssimo na propaganda eleitoral a favor da lista A, a da continuidade, que nem consegue se aperceber do triste espetáculo que está a dar. Até faz lembrar aquele condutor que conduz tão concentrado no trânsito para evitar choques, mas esquece-se de abastecer o veículo e de o levar à oficina e à inspeção...
A concentração dos dirigentes atuais do SPM na propaganda eleitoral interna teve o primeiro episódio no início da semana, quando, travestidos de candidatos aos órgãos internos, chamaram a comunicação social para uma iniciativa de campanha da sua lista junto ao Instituto de Emprego para, por mera coincidência das estrelas, abordar o tema do emprego docente, que eles próprios tinham escolhido para o evento do sábado seguinte. Na verdade, nada os impedia de promover essa ação, que é tão legítima como outra qualquer. O problema é que os tais travestis não foram capazes de retirar as máscaras de candidatos e levar a efeito uma conferência de imprensa oficial, com a presença da Coordenadora do SPM, Marília Azevedo, como é habitual, para promover e mobilizar a classe docente à participação no evento de sábado. Por que será que se esqueceram desta parte importante da mobilização das massas? Terá sido porque acharam que já a tinham feito na 2.ª, embora como candidatos ou a concentração máxima na propaganda fez esquecer este importante aspeto?
O segundo episódio deste folhetim aconteceu no sábado, em que a Coordenadora se tornou no centro de todas as atenções pela sua ausência na concentração. Sendo ela talvez o único membro da Direção que não anda concentrada na propaganda eleitoral, por razões óbvias, teve uma atitude louvável ao demarcar-se - alegou razões familiares, nunca por si utilizadas - desta palhaçada, pondo, contudo, uma vez mais em evidência a falta de coesão, de união da equipa que quer continuar à frente do SPM, mesmo sabendo que não oferece condições reais de estabilidade diretiva como sempre previmos, porque interessa aos poderes ocultos um sindicato fraco e dividido.
O momento culminante desta fantochada eleitoralista ocorreu quando a Lista B denunciou os verdadeiros propósitos desta iniciativa. Afinal, ainda há quem não se deixe levar por manobras baixas daqueles que não têm pudor em utilizar o sindicato em benefício próprio. O Vigia da Quinta que nos Angustia não faria melhor..
A consequência imediata foi o fiasco completo desta ação de luta, a avaliar pelas poucas dezenas de docentes participantes nela, talvez inferior ao número de candidatos efetivos e suplentes da referida lista promotora. É claro que também é discutível a opção tomada relativamente à bandeira desta iniciativa - emprego docente - numa altura em que os docentes sentem na pele problemas mais graves como a avaliação de desempenho, o congelamento das progressões na carreira, os retroativos por pagar a quem
subiu de escalão e a falta de recursos financeiros nas escolas, entre outros. Mas os iluminados da Direção do SPM tinham que fazer alguma coisa para limpar a má imagem deixada com a não adesão à greve geral. Só que fizeram uma avaliação precipitada da situação real da classe e da educação na RAM, próprio de quem está comodamente instalado na sua torre de marfim e prefere interpretar vontades em vez de andar pelas escolas a ouvir os docentes em plenários e sessões de esclarecimento.
Acresce que quem fica muito mal visto com esta trapalhada não é apenas os seus promotores mas sobretudo a instituição SPM, que cai ridículo e no descrédito público. Novamente...