terça-feira, fevereiro 22, 2011

Brilhante Desterradeiro!



Simplesmente brilhante! Eis o adjectivo apropriado para qualificar a recuperação que o Governo Regional tenciona efectuar na foz da Ribeira de João Gomes e de Santa Luzia. O aterro que lá está actualmente, bem como a tralha depositada junto ao cais - restos mortais do Balão Panorâmico e do ex-veleiro dos Beatles - vão ser reutilizados, graças à solidária Lei de Meios, numa nova marina, num porto de acostagem de navios até média dimensão e em duas praias.
Mal passou um ano e o Governo Regional da Madeira já encontrou uma magnífica solução para a degradada baia do Funchal! 40 milhões de euros, mais os sempre recomendados trabalhos a mais, que poderão ascender a um valor idêntico ao de base, vão permitir recuperar as infra-estruturas que a aluvião de 20/2/10 destruiu.

Essa verba vai ser retirada do bolo oferecido pela Lei de Meios, já que, da marina e do porto de acostagem de navios de médio calado ali existentes antes do temporal, apenas sobram uns blocos de cimento e pedra que nem servem para as gaivotas recuperarem energias. O mesmo pode ser dito relativamente ao Balão Panorâmico, que o vento estoirou, e ao ex-barco dos Beatles, que já nem serve para viveiro de taínhas, pois ficou ainda mais encalhado do que estava.

Os críticos desta solução governamental, designadamente a oposição e os ambientalistas, sempre as mesmas aves agoirentas, preferiam que estas verbas fossem canalizadas para os desalojados da intempérie. O Governo Regional assim não entendeu, alegando que é melhor enterrar essa verba, de uma só vez, na baia funchalense do que a distribuir pelas famílias sem habitação, na medida em que elas iriam edificar as suas casas em zonas de risco, logo seriam, a breve trecho, noutra enxurrada, levadas para a foz. Se as infra-estruturas recuperadas forem engolidas pelo mar, situação muito improvável, segundo os rigorosíssimos estudos técnicos e científicos que sustentam a decisão dos governantes, ao menos não haverá mortos. Brilhante!

Só a má-língua explica, pois, a acusação dirigida ao Governo Regional de desterradeiro. Pelo contrário, esta recuperação - é disso que se trata, efectivamente - de infra-estruturas afectadas pela aluvião é um exemplo de como a solidariedade da República está a ser bem gerida. E, se houver azar, estende-se novamente a mão e a generosidade será maior, já que os destroços também serão superiores...

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