segunda-feira, fevereiro 08, 2010

L.F.R.: Carnaval antecipado


Neste ano, o Carnaval começou mais cedo. Não me refiro à Festa dos Compadres, que ocorreu na data tradicional. Sim, é do verdadeiro Entrudo que falo. Das máscaras. Dos Trapalões. Das encenações. Das dramatizações e das malassadas com algodão e sonhos regados com fel em vez de mel. A Lei das Finanças Regionais foi a Rainha e o título de Rei do Carnaval 2010 foi atribuído ae-xequo a Socas e a Papadas. O povo assistiu deliciado e entusiasmado, aplaudindo o espectáculo com grande fervor e paixão. As horas que o sino do estômago assinalavam com forte ecoação, devido à fome que o desemprego trouxe e à destruição provocada pelo temporal, criaram um ambiente único para assinalar este acontecimento ímpar e singular da ficção carnavalesca madeirense.


A Rainha centrou propositadamente todas as atenções da opinião pública portuguesa. E não foi por ser algo de especial. Antes pelo contrário. Havia outras candidatas com melhores atributos como a do Orçamento de Estado, a da Dívida do Estado e da Madeira, a do Desemprego e a da Pobreza, só para referir algumas, mas desfilaram muito discretas porque assim determinaram Socas e Papadas, ao colocarem todo o enfoque na L.F.R. como forma de evitar que se olhasse para as outras "belezas", cujo brilho não convém apreciar, pois tem poderes anti-cegueira...


Como resultado desta encenação «servida à maneira/Como queijo numa ratoeira», a coroa corre o sério risco de não ser atribuída à vencedora, numa tentativa de prolongar o Carnaval por muito mais tempo, porque assim «ninguém leva a mal»...