quarta-feira, outubro 05, 2011

SPM: coerência a dobrar!


O Sindicato dos Professores da Madeira é de uma coerência inimaginável, só ao alcance das organizações com liderança forte, logo não manipuláveis. Senão vejamos: no dia 1/10, na manifestação promovida pela USAM, junto à Quinta Vigia, cantou «Está hora, está hora de Jardim ir embora» e, no dia 5, acolheu-o nas suas novas instalações, deu-lhe tempo de antena e aplaudiu as promessas eleitoralistas, mesmo sabendo que podem prejudicar os colegas continentais que lecionam na RAM,
se algum dia forem cumpridas...
Não há como ter duplos também nas organizações sindicais. Os associados ficam duplamente satifeitos com os resultados da luta. Veja-se o que o SPM foi capaz de fazer em menos de uma semana. Pelo menos dois SPM´s foram vistos nos últimos dias. Um que não dá tréguas a Jardim e acha que ele tem de deixar a governação e outro que o recebe de braços abertos, nas novas instalações, dando-lhe todo o protagonismo da cerimónia da inauguração e o palanque para fazer campanha eleitoral. Simplesmente admirável!
A isto chama-se coerência na incoerência ou teatro sindical para agradar a gregos e a troianos, procurando estar bem com Deus e com o Diabo, embora na hora da verdade, fazendo o balanço das vitórias laborais alcançadas em prol da classe que representa, a balança penda mais para o lado do último. É uma chatice ser perfeito, quando é mais motivador dar expressão aos instintos maquiavélicos e dionisíacos...
Os sindicatos de professores da Madeira modernizaram-se, adaptaram-se à realidade e não têm pudor nem vergonha em participar assumidamente na batota eleitoral. Essa coisa dos professores e suas organizações de classe fazerem da educação os pilares da formação da consciência cívica é chão que já deu uvas. Isso é um anacronismo, lá dos tempos da velha senhora, quando Américo Tomás foi à Universidade de Coimbra e os estudantes puxaram as capas negras por onde ele se pavoneava, fazendo-o passar um mau bocado.
Hoje, como se viu na inauguração das novas instalações do SPM, estende-se a melhor passadeira ao ditador para que ele faça a sua campanha eleitoral. Não fora o protesto do PND, no exterior, e ficaríamos com a ideia de que, na Madeira, a ditadura é bem aceite, mesmo que falte tudo nas escolas para que as inaugurações não sejam comprometidas...
Enfim, são os sinais dos tempos. Agora, a ditadura e a batota eleitoral são virtudes...

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