segunda-feira, junho 22, 2009

Ainda as Europeias: PS-M ganha na Madeira


Passadas duas semanas sobre a data das Eleições Europeias, tempo mais que suficiente para efectuar uma avaliação rigorosa dos resultados eleitorais e das reacções aos mesmos, importa fazer a análise que ninguém teve coragem de referir publicamente até agora, a nível regional.

Todos os analistas referiram o estrondoso sucesso de Nuno Caxeira (PSD-M), nomeadamente pelo facto de lhe ter saído um autêntico euromilhões, já que passará a ganhar mais de 7.000 euros mensais.

Também reconheceram o relativo êxito de Lopes da Fonteseca (CDS/PP-M), excepto Zé Manel Rodriguinhos, que o ofuscou na noite eleitoral ao anunciar que será ele o cabeça-de-lista às Legislativas Nacionais.

Igualmente consideraram que a CDU e o BE obtiveram votações muito positivas, a ponto do Único Importante ter afirmado que o crescimento da extrema esquerda era uma ameaça à democracia. Como não disse a que país ou região se referia, deduzimos que se reportava à Bélgica, que é o país que conhece melhor, por lá passar imenso tempo. E como não podia estar a referir-se ao seu país e muito menos à sua região, onde a democracia é uma miragem...

Os 14,68% do PS-M foram, pelo contrário, classificados como desastrosos e prenunciadores de derrotas históricas nas próximas Legislativas Nacionais e Autárquicas. Nesta apreciação estiveram em sintonia comentadores políticos e opositores à liderança da actual Direcção socialista madeirense. Quem imaginaria que fosse possível esta comunhão de ideias? Habitualmente costuma acontecer o contrário, ou seja, fazedores de opinião de um lado e dirigentes socialistas do outro. Fazendo, porém, uma análise mais minuciosa aos argumentos apresentados pelos detractores de Jocaveia, conclui-se que esta convergência de opiniões resulta de um erro crasso de interpretação política dos resultados por parte dos contestatários socialistas, lapso esse que explica a aproximação de posições entre estes e a comunicação social madeirense, que cumpriu o seu papel habitual de manipulação dos números a favor da maioria.

Na verdade, o PS-M ganhou as eleições europeias na Madeira, porque a percentagem baixíssima de votos que obteve é um sintoma de que o desgaste do (des)Governo do engenhoso Sócorta também teve expressão na Madeira, o que pressagia uma mudança de cor na governação nacional, única garantia de crescimento dos socialistas madeirenses. É aqui, pois, que reside a vitória do PS-M nestas eleições, que será provavelmente confirmada nas Legislativas Nacionais. Aliás, Jocaveia, quando reafirmou na noite eleitoral que conta disputar as Legislativas Regionais de 2011 em pé de igualdade com o PSD-M, sem explicar como é que vai inverter a tendência decrescente das últimas votações, tinha seguramente em mente as vantagens, no plano regional, decorrentes do combate que o seu partido, a nível nacional, desencadeará contra um previsível governo liderado por Manela Ferra Sem Jeito. Já o Jota Serrote beneficiou imenso de uma conjuntura similar à que Jocaveia deseja, embora não o tenha admitido, o que o levou a não compreender o estrondoso terramoto eleitoral nas últimas Legislativas Regionais.

Tudo o que se tem visto em termos de combate interno à liderança de Jocaveia só vem reforçar a sua posição, porque quanto menor for a votação no PS-M, nos próximos dois actos eleitorais, maior será a margem de crecimento deste partido numa conjuntura de combate a governos laranja. Isto é, se ele conseguir segurar a liderança até 2011, mesmo que só ele e Gostinho Só-Ares votem no PS-M, basta conseguir mais dois votos para festejar um crescimento do partido na ordem dos 100%...