terça-feira, junho 02, 2009

Planos de Recuperação para o Governo


O inefável Secretário de Estado da Educação, Valter Lemos, anunciou que os Planos de Recuperação para alunos com dificuldades serão alargados ao Secundário, como espécie de milagre pedagógico para garantir aproveitamento escolar a quem, em condições normais, dificilmente transitaria.

Esta medida decorre do alargamento da escolaridade obrigatória até ao 12.º ano e servirá para mascarar as estatísticas oficiais, permitindo a Portugal apresentar-se como um aluno de sucesso no contexto europeu. Pouco importará se os resultados correspondam efectivamente a competências efectivamente adquiridas. O importante será passar, passar e passar para ficar bem na fotografia. O resto é conversa.

Quem não está pelos ajustes é a classe docente, que começa também a pensar em solicitar Planos de Recuperação para si própria, ou seja, quer também merecer uma atenção especial por forma a recuperar do estado de desânimo, de revolta e de cansaço em que se encontra, devido às políticas educativas infelizes que os sucessivos governos, e em especial o actual, têm vindo a implementar.

Muitos dos docentes que actualmente aplicam Planos de Recuperação aos seus alunos, perante a possibilidade de os estender ao Secundário, ficaram em estado de choque. É que andar à procura de melhorias e progressos em alunos que não querem nada com a escola, por mais que se tente motivá-los, é tão inglório como convencer Maria Lurdes Rodrigues do fracasso das suas medidas governativas. Aliás, tanto para alunos desmotivadas como para este Governo não há Planos de Recuperação que os salve. Para bem deles e de todos nós, a única solução é aplicar a receita daquela figura cómica de «Os Contemporâneos»:


- Vão mas é trabalhar!


E os docentes acrescentam:


- ...para o mais longe possível da Educação!


Manter nas escolas secundárias alunos que não querem trabalhar é o mesmo que renovar o mandato governamental deste Governo: só vão estragar o pouco de bom que ainda resta!